sexta-feira, novembro 26, 2010

HOMEM SEM ESCRÚPULOS É UMA VERGONHA


 Por: Gilberto Macuácua

Na noite de 21 de Setembro de 2010, a Televisão Record Moçambique reportou no seu espaço jornal da noite, um caso de violação sexual onde a vítima era uma mulher jovem.  O acto foi praticado por um homem que depois de a violar assassinou-a.

Eu condeno com bastante veemência este acto macabro e espero que a justiça seja feita. À família enlutada, envio as mais sentidas condolências.

Infelizmente, casos semelhantes acontecem com certa regularidade no nosso país. Mas o que se passa na cabeça de nós “HOMENS”? Espero que não fiquem admirado pelo destaque que faço ao homem neste artigo que estou escrevendo com um grande sentimento de dor, aliás, muita dor por conta deste triste acontecimento e por outros semelhantes que acontecem em quase todas partes do mundo. A razão do destaque, prende-se ao facto de que as mulheres constituem na maioria da vezes as maiores vítimas das diversas formas de violência em comparação aos homens e que, estes actos são na maioria perpetrados por homens.


O que se passa com nós homens?

Na verdade, pretendia perguntar: O que se passa na cabeça desses homens que tendem a praticar actos de tamanha barbaridade? Sei que nem todos homens são assim e eu congratulo-me com isso e apelo que continuem a pautar por esse caminho de amor e compaixão pois, agindo desta forma, estão a contribuir grandemente para o desenvolvimento harmonioso deles mesmos, das mulheres, crianças e da sociedade no geral.

Mas, porque alguns homens acham-se com direito de fazer tudo o que lhes apetecer numa mulher, mesmo sem o consentimento dela? Eu acho que estes, tem muito ainda que aprender em relação ao AMOR e quem ama respeita.  É necessário amarmos a nós próprios para sabermos amar uma mulher.

Algumas normas sociais de masculinidade que são uma tradição milenar e que foram passando de geração para geração, têm representado hoje, algum perigo se tomarmos em conta que o facto de o homem sentir que é “mais forte”, tem mais poder em relação a mulher e mais ainda, que, em muitos casos sabe que não sofrerá qualquer tipo de julgamento por parte da sociedade excepto quando atinge o extremo.


Qual é o extremo afinal de contas?

O extremo para a sociedade é a mutilação de uma das partes do corpo da mulher ou a morte. Tudo o resto ainda é considerado normal. O homem pode violentar de várias formas uma mulher desde que não a tire um olho, ampute-a um braço,  ou a mate. Haja sentimentos. Já paramos para pensar o que significa sofrer uma violência? Aliais, quem é que nunca foi violentado nesta vida? Portanto, sabemos o quanto dói e temos noção dos danos que uma violência pode causar, pelo menos alguns danos, porque se soubéssemos de todos talvez agíssemos diferentes.

Não podemos tolerar a violência. Em Moçambique já temos uma lei, em vigor, contra a violência. Qualquer situação de violência seja, que estivermos a presenciar ou a sofrer, devemos imediatamente comunicar as autoridades policiais para os devidos procedimentos. Mas paralelamente a isto, vamos também intensificar as acções de prevenção. Precisámos de falar abertamente sobre estes assuntos, entre homens, mulheres, jovens, crianças, líderes de opinião, etc eliminarmos aquelas atitudes que só prejudicam, temos que salvaguardar o respeito pela cultura e os direitos humanos.

Imaginem só!  Se o infeliz que cometeu estes actos macabros soubesse amar... naturalmente, teria procedido de outra maneira, teria optado pelo diálogo para resolver “o problema” (pressupondo que houve alguma razão) porém, nada justifica a violência e muito menos os actos praticados. Espero sinceramente que a justiça seja feita. Aparentemente, o suspeito era um namorado da vítima. Este, que é casado com uma outra mulher e tem filhos, segundo o relato da irmã da vítima, que igualmente, deu a entender que, ele já vinha com alguns comportamentos pouco abonatórios em relação a esposa.

Não consegui apurar a idade da jovem, mas segundo a reportagem ela era uma estudante de 9ª classe. O sujeito simplesmente acabou com tudo, tudo desta jovem incluindo os sonhos. Não tinha esse direito. Ninguém tem esse direito. O sujeito que praticou estes actos é um criminoso e deve ser punido exemplarmente.

Quanto a minha pergunta, (o que se passa na cabeça.....?) não sei se a resposta seria tão simples assim: “falta de escrúpulos” ou esse homem é um psicopata, ou outra coisa ou simplesmente um assassino. Eu não sei, se alguém poder me ajudar, por favor não hesite partilhar a sua resposta comigo. Justiça seja feita até porque, nada justifica estes actos.

Voltando ao destaque que faço ao Homem.
Está mais do que claro que o homem tem um papel fundamental para a redução/eliminação dos vários problemas sociais que afectam a sociedade e que muitos deles são provocados por ele mesmo. Portanto, nós homens somos parte dos problemas e temos que ser parte da solução. Acredito que somos capazes. 

Se olharmos para todas as questões que ladeiam as normas sociais de masculinidade e sobre tudo a questão do poder que temos, dá para concluir rapidamente que a solução depende mais de nós do que delas. Que tal amarmos? Que tal respeitarmos os direitos humanos? Que tal desencorajarmos actos que atentam aos direitos humanos? Que tal livrarmo-nos de todas aquelas práticas que só nos prejudicam a nós e aos outros? Temos “a faca e o queijo” na mão. Tudo depende nós. 

Lembrando que cada um de nós, dando esse contributo, estará contribuindo grandemente para o desenvolvimento harmonioso de si, da mulher, criança, família e sociedade em geral, que aliás, é nosso dever como homens.

Parabéns a TV Record por ter reportado este caso e espero desde já, que sigam-no até ao final ou melhor, até ao acórdão do tribunal. Gostaria de ver nos Media a sentença deste caso e de outros semelhantes. Uma das formas dos Media contribuírem para desenvolvimento é esta, através dos meios de que dispõem desempenhar o seu papel de Informar, Educar e Comunicar. Estendo este apelo à todos Órgãos de Comunicação social que operam em Moçambique. Vamos reportar os casos e acompanharmos do mesmo jeito que fizemos quando se trata de mega escândalos envolvendo grandes figuras. 

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